Ser mãe...
Bem, quem me conhece sabe (ou não) que quando mais nova eu
não cogitava ser mãe.
Tinha um pavor, um medo. Eu imaginava assim: não
sobreviverei ao parto! Era isso que eu pensava.
Fora que a barriga me assustava! Quando via uma grávida eu
desviava o olhar, rsrs.
Coisa besta, eu sei, mas era medo.
Quando trabalhava no Hospital do Câncer, meu departamento
era formado exclusivamente por mulheres. Eu tinha 19 anos e desde que entrei,
via as meninas engravidando, tendo seus filhotes...
Fui amadurecendo a idéia de ter o meu, mas o medo... ah,
esse continuava, mesmo sabendo que não era nada assim, tão assustador.
Aos 23 anos resolvi que queria engravidar e consegui na
primeira tentativa!
Planejamos e assim foi.
No momento em que fiz o primeiro teste de farmácia (em
setembro de 1995, uma semana antes do meu aniversário) e deu positivo,
imediatamente me senti mãe e já me apaixonei pelo serzinho que estava aqui
dentro! Foi amor instantâneo!
Na semana seguinte fiz o teste laboratorial e confirmada a
gestação, eu era puro amor!
Neste mesmo dia tive sangramento e me desesperei, chorei,
gritei. Senti uma dor imensa só de imaginar que poderia perder aquela pessoinha
que eu já amava tanto!
Fiz repouso absoluto por 15 dias, tomei medicação e
felizmente o moleque aquietou e segui com a gestação normalmente.
Engraçado é que eu já sabia que era um menino.
Porque pra dar esse baita susto, só podia ser moleque,
kkkkkk.
Tivemos a confirmação aos 3 meses e eu e minha mãe
escondemos do meu pai e do marido. Seria surpresa!!
Só que o bestão achou o último ultrassom e souberam semanas
antes que era um menino.
Dai meu pai escolheu o nome: DANIEL.
Era o nome de um grande amigo dele, amigo este que conheci
quando era pequena, o Sr. Daniel. Um velhinho muito fofo, ele e sua esposa.
Adorava quando íamos à casa deles. Adorava brincar naquele quintal enorme e
eles nos mimavam muito, já que não tiveram filhos. Nós éramos os netos e meus
pais, os filhos.
Quando chegou a data próxima ao parto, ainda não havia
decidido se faria normal ou cesariana.
Na verdade o médico preferiu ver no que ia dar.
E dois dias antes da data prevista, a bolsa rompeu.
Era feriado, 1º de maio de 1996, quase 11 da noite.
Lembro que tirei uma foto minutos antes e quando sentei no
sofá, ouvimos um barulhão, tipo de bexiga estourando.
Fui ao banheiro averiguar e tava tudo molhado... pensei
assim: será que eu fiz xixi???
Corri na minha mãe que morava ao lado e contei pra ela.
Dai foi aquela correria, pega a mala, pega o carro, eles
mandando eu me trocar, kkkkkk.
Mas estava calma, então fui tomar banho de novo, colocar
outra roupa e fomos pra maternidade.
Lá chegamos quase meia noite.
Entrei na sala de pré parto e lá fiquei.
Foi a noite mais longa da minha vida!
Eu via as mulheres entrando, saindo, ouvia as crianças
nascendo no centro cirúrgico ao lado e eu lá... esperando.
Tive contrações a noite toda, mas confesso que minhas
cólicas são bem maiores, rsrs.
Ia ao banheiro toda hora pra ver se ele tava saindo,
kkkkkkkkkk.
Que nada... devia estar bem folgadão pq não tive nem um
centímetro de dilatação!
Médico chegou cedo e esperamos até meio dia do dia 02 de
maio. Eu estava cansada, com sono e de saco cheio de toda hora ser examinada e
nada!
Doutor perguntou se eu queria esperar, pq pelo visto ia
demorar muito ainda pra entrar em trabalho de parto. A decisão seria minha.
Imediatamente eu pedi: vamos fazer cesárea???
Ele riu, ainda perguntou se eu não preferia esperar e eu
disse que não!
Ele mandou preparar a sala e às 12:16 do dia 02 de maio de
1996, eu conheci meu primeiro filhote!!
Impossível descrever a emoção.
Emoção essa que todos sentiram ao vê-lo no telão da
maternidade.
Enfim, eu era MÃE!
E pensei que ele seria o único.
Não porque eu tivesse medo, não tinha mais.
Mas é que filho dá um trabalho danado e o Daniel era um
terror. Pensem num menino danado?
Ele era, rsrsrs.
Em 2002, ele com 6 anos já e eu bem tranquila, nem sonhando
em engravidar de novo...
Num dia, quando não estava em período fértil nem nada, bem
sossegada, a Ana foi feita.
No mês que desconfiei, lembrei do dia que não tomamos
cuidados (afinal não era pra ser) e fui fazer um exame no laboratório. PIMBA.
Gravidíssima!
Momento complicado, minha mãe doente...
Mas tudo nessa vida acontece por algum motivo e essa
gravidez teve o seu porque.
Fiquei super feliz e
preocupada, afinal eu que levava a mãe pras consultas, radioterapia e etc...
A gravidez me confortava e me fortalecia nos momentos mais
tristes...
Quando estava no 5º mês e já sabia que seria uma menininha,
minha mãe partiu.
Estive ao seu lado e lamentei muito que não pudesse conhecer
a neta, que ela já sabia que chegaria.
Nesse período de luto, a gravidez foi meu suporte, foi o que
não me deixou desabar.
Realmente nada acontece por acaso!
Aninha chegou em 8 de junho de 2003.
Na madrugada do mesmo dia a bolsa rompeu, assim como na
primeira vez.
Fomos pra maternidade mas por ser madrugada, me mandaram
voltar pela manhã...
Passei a noite perdendo líquido e tive medo de algo
acontecer.
Não tive muitas contrações e no domingo cedo me internei e
lá fiquei até mais de 9 da noite, quando o médico viu que não teria como ser
normal e me mandou pro centro cirúrgico.
Eu nem queria parto normal mesmo, kkkkkkkkkk.
Diferente do primeiro parto, o pós cirúrgico da Ana foi
muito dolorido.
Sofri um mês inteiro, com muita dor na incisão e ali tive
certeza: Tá bom de filhos. Chega, rsrs.
O parto dela foi rápido, emocionante também.
Ouvi minha filha chorar dentro da barriga! Ninguém acredita,
mas eu ouvi!
A menininha que os médicos estavam tão apreensivos em tirar
um mês antes do previsto (é, ela não sabe esperar até hoje, rsrs), nasceu super
bem, grande, pulmões muito bons.
Ouvi ela chorar dentro e fora da barriga.
Quando passaram com aquela coisinha toda suja perto de mim
pra depois me mostrar... não teve como segurar. Chorei, chorei, eu tremia
tanto! Achei a cara da minha mãe!
Ela passou a noite deitada, peladinha em cima do meu peito. Foi a
maior emoção da minha vida.
Arrebentou todo meu bico do seio, mas nem por isso eu deixei
de amar aquela coisinha mais linda!
Ser mãe não é fácil!
O medo que eu tinha do parto não é nada comparado ao medo
real de ver seu filho pequeno e saber que terá que cuidar dele a vida inteira!
E eu tive medo. Muito.
Mas hoje, sei que tirei de letra!
Não me acho a super mãe... EU SOU!
Superei todos os medos e me joguei de cara, nos cuidados, na
educação e tudo isso, sozinha!
Quando digo sozinha, é sozinha mesmo.
Eu acordava a noite para amamentar, trocar, cuidar, ver se
estavam respirando. Nunca chamei ninguém pra fazer isso por mim.
Sempre corri atrás de tudo, nunca esperei por ninguém. E não
porque não tivesse, é pq eu queria assim.
Aprendi a dirigir logo que o Daniel nasceu, pq só eu sei
como era horrível ter que encarar um busão com o filho no colo, bolsa e todas
as tralhas que usamos quando precisamos sair.
Fui lá na auto escola e meti a cara.
Eu achava também que dirigir não era pra mim. Imaginava que
era muito difícil e tal...
Superei tantos medos...
Superei medo de sair sozinha, com eles eu vou pra todo
lugar, até viajar sozinha com o Dani pequeno eu fui, rsrs.
Superei medos
bobos...
Hoje eu tenho um filho maravilhoso, que me enche de orgulho!
É um cara responsável, com 17 anos.
Ele me diverte com seu mau humor habitual. Adoro fazê-lo
rir, principalmente quando ele tá irritado. E ele tem o sorriso mais lindo que
eu já vi.
Minha filha é o que há de melhor. É versão feminina dele, muito parecida.
Ela me alegra, me mima, somos companheiras inseparáveis.
Quem nos vê sempre juntas comenta: ela é sua companheira né?
É. É minha companheira de sempre. Ela me anima, me faz rir,
me agrada.
Os dois são a minha alegria de viver e por eles, eu faço
tudo, tudo mesmo.
Enfrento quem e o que
for.
Se precisar brigar por eles, tô dentro.
Não me venham com o papo que não pode se meter em briga de
crianças: eu me meto e se os meus estiverem certos, eu brigo também! Se
estiverem errados, ok, mas não deixo ninguém fazê-los de besta.
Eles me dão muito orgulho.
São filhos bons, educados, sabem respeitar os outros, são
ótimos alunos!
E tudo isso é reflexo do que eu passo, do que ensino!
Eu tinha tanto medo (as vezes ainda tenho) de não saber
educar, criar... mas hoje, vejo que faço um bom trabalho.
E a recompensa??
Sou muito amada!!
E hoje me pergunto: Porque não os tive mais cedo?
kkkkkkk.
Andrea.
2 comentários:
Lindo, lindo, lindo... não tenho outra coisa a dizer a não ser LINDO!!!! parabéns. Tb sou mãe de uma criaturinha linda de 9 anos e tive todos os medos q vc descreveu e tb não queria ser mãe. Que boba eramos antes, medo de ser feliz hehehe. Beijos Dill
amei o post grandão... e ah como me vi em várias dessas passagens..absolutamente igual..rs.. bjokas lindeza e felicidade sempre
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