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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

E por falar em saudade

Sabe gente, ontem eu passei o dia pensando em vir postar.
Queria muito falar sobre o meu pai, mas não consegui...
Acho que a saudade apertou muito, fiquei triste e não consegui mesmo.
Desde sábado fiquei tristinha... Sonhei com meu pai logo cedo e muitas lembranças voltaram, com força.
O sonho foi triste, foi algo que nunca aconteceu e não entendi muito...
Sonhei que ele estava hospitalizado e íamos visitá-lo sempre.
Ele estava bem, mas acamado. Não entendi o pq dum sonho tão estranho, pq meu pai nunca adoeceu de verdade, de ficar internado e tals.
Daí, acordei. Acordei mais tarde que o normal e o dia foi estranho.
A tarde falei pro meu marido que queria ir ao cemitério no domingo e ele concordou em me levar.
Moro em São Paulo e meu pai e mãe estão sepultados em Atibaia (quase interior).
Fazia 6 anos que eu não ia lá, desde o enterro de minha mãe.
Apesar de ser um lugar lindo, um lugar que transmite muita paz, não senti vontade de voltar lá depois disso.
Todas as vezes que ia, quando era só o pai enterrado lá, eu ficava mal. A saudade é uma coisa que não sei lidar muito bem.
Mas ontem eu precisava ir. Eu senti uma necessidade urgente.
Saímos logo cedo e chegando lá, fui até o túmulo com minha filha, ajoelhei, toquei no mármore e fiz uma prece.
Falei pra ele da minha saudade, do quando eu sentia a sua perda tão precoce, falei da falta imensa que ele me faz.
Chorei. Chorei pq não tem essa de sentir saudade e não chorar.
Chorei pq sinceramente eu queria que ele estivesse aqui, que partilhasse comigo as minhas descobertas, as minhas alegrias e tristezas.
Queria tanto que ele continuasse a ver meu filho crescer.... Ele amou tanto o neto e isso sempre me emocionou muito.
Queria tanto que ele tivesse conhecido a Ana...
Eu tenho a mais absoluta certeza que eles seriam unha e carne!
Minha filha tem muito do meu pai. Ela é muito carismática, assim como ele foi.
Sei que o jeitinho dela o teria encantado.
Ela seria insuportavelmente mimada também, rsrs.
A cada graça dela, eu lembro dele.
Meu pai sempre foi muito apegado às filhas. Eu e a Areta éramos as queridinhas, rsrs.
Claro que ele gostava do nosso irmão, mas ele nos deu tanto trabalho que acredito que o amor do pai por ele, embora fosse grande, era mais velado. Ele não demonstrava muito pq o filho era difícil. Mas ele amou os 3, cada um do seu jeito.
Mas quero falar de mim e dele. Da nossa relação.
Ele sempre foi um homem muito correto, muito trabalhador e nunca deixou nada faltar.
Muitas vezes eu reclamei com ele e com minha mãe, falando que dinheiro não era tudo.
Eles trabalharam muito, muito mesmo.
Eu sempre soube agradecer ao esforço deles, tanto que sempre fui boa filha, nunca dei dor de cabeça, sempre estudei e era ótima aluna. Cuidava da casa, e trabalhei com eles.
Era um tipo de troca. Eu agradecia desta forma todo o esforço deles.
Meu pai era muito tímido pra demonstrar sentimentos. Ele me amava mas era difícil falar. Mas, ele falava. Meio tímido, mas falava. Algumas vezes ele tomava umas brejas pra falar e aí, até chorava de emoção. Quantas vezes ele fez isso...
E claro, eu ficava toda cheia né?
Adorava quando ele me abraçava, me chamava de filhona e dizia que eu era o seu amor.
Lembro que quando conheci meu marido, ele ficou com ciúmes.
Acho que era difícil admitir que a filhinha dele estava crescendo e que logo um sujeito poderia me roubar dele, hehe.
Ficou com ciúmes sim, mas aceitou.
Só reclamou pq resolvi “juntar” logo e aí ele não gostou.
Acabamos brigando e sai de casa.
Foram quase 2 anos sem contato, até que ele me ligou.
Me ligou numa véspera de dia das mães e pediu que eu fosse almoçar na casa dele.
Voltamos a conversar, e ficamos de bem até o último dia.
Com certeza esse tempo distante só fez melhorar a nossa relação.
Passei a respeitar ainda mais o ponto de vista dele e ele aceitou a minha escolha. Ele viu que não precisava ter medo, pq o sujeito que havia me “roubado”, roubado a menininha do papai, era um cara legal, descente e que me fazia feliz.
Logo depois, ele começou a pedir um neto.
Disse que eu já estava “casada” a muitos anos e ele queria um netinho.
Eu não queria filhos. Não pensava em filhos. Era nova e achava que não seria uma boa mãe.
Mas, aos 23 anos atendi ao desejo do pai e fiquei grávida.
Lembro que quando contei pra eles, a emoção foi muito grande.
Ele chorou e disse que era um presente. Disse também que aquele menino ia se chamar Daniel.
E não é que veio um menino mesmo? E se chama Daniel, hehe.
No momento em que anunciei ele disse na lata que era menino.
E eu, pra zuar ele, falava que seria uma menina, rsrs.
Ele falava assim: A menina vem depois. Primeiro é o Daniel.
Hoje acho tão estranho isso... Será que ele sabia que ia embora??
Bem... quando finalmente o Dan nasceu, a emoção foi dobrada.
Lembro do quanto ele curtiu, do quanto ficou feliz.
E desde o primeiro dia, ele amou o neto assim como amou os filhos.
Acho que como já estávamos crescidos, ele passou a trabalhar e se empenhar mais pelo neto.
E tudo, tudo que ele fazia era pro Daniel.
E o Daniel, claro, era o grude do avô.
Eu adorava essa relação dos dois.
Sentia que um fazia um bem enorme pro outro.
E eles se amaram muito, nos 3 anos e meio em que conviveram.
Lembro do dia da sua partida em que eu tive que dar a notícia pro Daniel.
Foi muito dolorido.
Como dar a notícia pra uma criança de quase 4 anos que o avô havia partido?
Se é tão difícil pra um adulto, imaginem pra uma criança?
E foi muito difícil mesmo.
Ele aceitou a notícia num primeiro momento, mas depois... até psicólogo tive que procurar.
A relação do meu filho com a perda foi complicada e até hoje, ele fala do avô com saudade.
Pensei que ele fosse esquecer pq era muito pequeno, mas ele lembra de muitas coisas.
Ele lembra do avô com carinho, dos momentos em que passaram juntos, das brincadeiras, de tudo.
Sempre fiz questão de deixar a imagem dele a vista, numa foto.
Tinha medo que ele esquecesse e fico feliz em saber que ele nunca esqueceu.
Ah, e realizei o desejo dele antes da sua partida.
Ele fez questão que eu me casasse. Um ano antes eu casei e ele foi meu padrinho. Será que ele sabia que iria partir??
Isso me intriga.

Hoje, quando lembro do meu pai, é inevitável não ficar triste.
Fico triste pq queria ele aqui, comigo.
Fico triste pq ele ficou apenas 26 anos comigo e isso é pouco!!!
Fico triste pq ele foi embora assim, tão derepente, sem avisar, sem me preparar.
Fico triste pq ele era tão jovem (54 anos) e tão bonito, tão simpático, tão amado, tão querido e pq ELE ERA O MEU PAI. O MELHOR PAI QUE EU PUDE TER!

Hoje, depois de 9 anos sem ele, tive coragem de expressar o que sinto, de falar da falta que ele me faz.

Foi bom, valeu.

Só quero deixar um comentário aqui:
Se vc tem pai, corre lá e dá um monte de beijos nele. Abrace, diga o quanto ele é importante.
Faça pelos seus pais o que puder enquanto eles estão aqui.
Depois que eles partirem, só vai restar saudade e arrependimento se por acaso vc não tiver tempo pra eles.
Se vc brigou, briga ou tem atrito com eles, reveja isso.
Que a sua saudade seja como a minha.
Que seja uma saudade boa.
Saudade dos bons momentos, e pela falta que eles fazem.
Seu pai pode não ser o melhor homem do mundo, mas se não fosse ele, vc não existiria!
Pense nisso.


Beijos!!!

Pra vc Pai!!!

Não sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar...
Você marcou na minha vida
Viveu, morreu
Na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate...
E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...
Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver prá não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você...
E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...
Não sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar...
Você marcou em minha vida
Viveu, morreu
Na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate...
E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...
Eu corro, fujo desta sombra
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver prá não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você...
E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...
Eu gostava tanto de você!
Eu gostava tanto de você!
Eu gostava tanto de você!
Eu gostava tanto de você!

4 comentários:

Anônimo disse...

Poxa, me pegou a fundo. Tenho muito medo de perder meu pai, tenho medo do que meu filhote vai passar, porém papai não tá cuidando da saúde e temos muito medo do que possa vir a aconteer.

Beijinhos

Barbara Lucas disse...

eu passei o primeiro dia dos pais sem meu velho, não foi nada fácil.
...
o consolo é saber que a vida não termina aqui.

Areta disse...

É flor ele faz muitaaaa falta mesmo... lendo o que vc escreveu me fez lembrar de muitaaa coisa boa, nosso pai era nosso alicerce, a base de tudo!! Foi um ótimo pai mesmo, disso não podemos reclamar, mimava mesmo a gente, a saudade é imensaaaa, mas tenho certeza de que ele está bem e está olhando por nós e pelos nossos filhos!!
te amoooo. Beijossss!!!

Dani disse...

Minha linda, que história mais bonita!!! Amor realmente incondicional... Também amo meu pai e me dou melhor com ele do que com minha mãe... Ele eh tudo pra mim!
Mas preciso sempre me lembrar que em minha religião a morte não existe... É apenas uma passagem, uma mudança de estado...
Ore sempre pelo seu pai e tenha certeza de que todo esse amor chegará até ele...
Beijinhossssssss

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